Gastroenterologia

Doença de Crohn

A doença de Crohn é uma condição que faz parte de um grupo de doenças conhecidas como doenças inflamatórias intestinais (DII). Ela pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, que vai da boca até o ânus, mas é mais comum no final do intestino delgado (íleo) e no início do cólon. Vamos entender melhor essa condição, de uma forma mais acessível.

Imagine o trato gastrointestinal como um longo tubo que ajuda o corpo a digerir alimentos e absorver nutrientes. Na doença de Crohn, certas áreas desse tubo ficam inflamadas, o que pode causar dor, desconforto e outros sintomas. O que é peculiar sobre a doença de Crohn é que a inflamação pode aparecer em diferentes áreas, não apenas em uma parte, e pode afetar as camadas mais profundas da parede intestinal.

Os sintomas podem variar bastante, dependendo da parte do trato gastrointestinal afetada. Os mais comuns incluem:

Algumas pessoas podem também apresentar febre, sentir náuseas e até ter complicações mais graves, como obstruções no intestino.

A causa exata da doença de Crohn ainda é um mistério para os médicos e cientistas. Acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos, ambientais e do sistema imunológico do corpo. Em vez de defender o corpo contra infecções, o sistema imunológico ataca erroneamente as células saudáveis no trato gastrointestinal, provocando a inflamação.

Não há um único teste para diagnosticar a doença de Crohn. Em um paciente com sintomas sugestivos, utiliza-se uma combinação de exames, como análises de sangue, exames de fezes, endoscopias (um tubo fino com uma câmera na ponta que permite ver dentro do estômago e do intestino), análises microscópicas dos tecidos coletadas por biópsias e imagens por ressonância magnética, tomografia computadorizada, cápsula endoscópica e ecografia.

O tratamento da Doença de Crohn geralmente envolve uma combinação de medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia. Entre os medicamentos, os imunossupressores e imunobiológicos desempenham um papel crucial no controle da inflamação e na manutenção da remissão da doença. Abaixo, enumeraremos alguns dos principais imunossupressores e imunobiológicos utilizados no tratamento da Doença de Crohn, com um breve resumo de cada um deles.

Imunosupressores

Azatioprina
A azatioprina é um imunossupressor que reduz a atividade do sistema imunológico, ajudando a diminuir a inflamação intestinal. É frequentemente usada para manter a remissão da Doença de Crohn e pode levar várias semanas a meses para mostrar efeitos completos.

6-Mercaptopurina (6-MP)
Semelhante à azatioprina, a 6-mercaptopurina é um imunossupressor que interfere na síntese de DNA e RNA, reduzindo a proliferação de células imunológicas. É usada para manter a remissão e pode ser uma alternativa para pacientes que não toleram a azatioprina.

Metotrexato
O metotrexato é um imunossupressor que interfere no metabolismo do ácido fólico, inibindo a proliferação celular. É usado em pacientes que não respondem bem a outros tratamentos e pode ser administrado por via oral ou injetável.

Imunobiológicos

Infliximabe
O infliximabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), uma proteína envolvida na inflamação. É usado para tratar a Doença de Crohn moderada a grave e pode induzir e manter a remissão.

Adalimumabe
O adalimumabe é outro anticorpo monoclonal anti-TNF-α. É administrado por injeção subcutânea e é eficaz na indução e manutenção da remissão em pacientes com Doença de Crohn moderada a grave.

Ustekinumabe
O ustekinumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia as interleucinas IL-12 e IL-23, proteínas envolvidas na resposta inflamatória. É usado para tratar a Doença de Crohn moderada a grave em pacientes que não respondem a outros tratamentos.

Vedolizumabe
O vedolizumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia a integrina α4β7, uma proteína que facilita a migração de células inflamatórias para o intestino. É usado para tratar a Doença de Crohn moderada a grave e é administrado por infusão intravenosa

Conclusão

Os imunossupressores e imunobiológicos são componentes essenciais no tratamento da Doença de Crohn, ajudando a controlar a inflamação e a manter a remissão. A escolha do medicamento depende de vários fatores, incluindo a gravidade da doença, a resposta anterior ao tratamento e as preferências do paciente. É importante trabalhar em estreita colaboração com uma equipe médica para determinar o melhor plano de tratamento.

Vivendo com a Doença de Crohn

Viver com a doença de Crohn pode ser desafiador, mas com o tratamento e apoio adequados, a maioria das pessoas consegue gerenciar sua doença e levar uma vida ativa e saudável. Mudanças na dieta e no estilo de vida podem ajudar a controlar os sintomas e prevenir complicações. É indispensável também contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar, capaz de orientar o paciente na sua longa caminhada. A doença de Crohn é uma jornada individual, e cada pessoa pode experimentar sintomas e desafios diferentes. O importante é não hesitar em buscar ajuda e orientação médica para navegar por essa condição.

Retocolite Ulcerativa

A retocolite ulcerativa é uma condição crônica que faz parte do grupo das doenças inflamatórias intestinais, assim como a doença de Crohn. No entanto, enquanto a doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, a retocolite ulcerativa foca especificamente no cólon (intestino grosso) e no reto. Vamos explorar essa condição de maneira simples e acessível.

Imagine o intestino grosso como uma longa tubulação que ajuda a formar, armazenar e eliminar o resíduo sólido (fezes) do corpo. Na retocolite ulcerativa, as camadas internas dessa tubulação, chamadas mucosa e submucosa, ficam inflamadas e lá desenvolvem pequenas feridas (erosões e úlceras). Isso pode causar desconforto, dor, diarreia com sangue e muco e outros sintomas relacionados.

Os sintomas da retocolite ulcerativa podem variar de leves a graves, e podem incluir:

Em casos mais graves, a pessoa pode apresentar febre, anemia (baixa contagem de glóbulos vermelhos devido à perda de sangue) e risco aumentado de desidratação. Uma complicação grave da retocolite é o chamado megacólon tóxico, condição clinica muito grave que em algumas situações pode indicar a necessidade de remoção completa do intestino grosso (colectomia total).

A causa exata da retocolite ulcerativa é desconhecida. No entanto, acredita-se que fatores genéticos, ambientais e do sistema imunológico estejam envolvidos. Em vez de apenas combater infecções, o sistema imunológico do corpo pode atacar erroneamente as células saudáveis no revestimento do cólon, causando inflamação e úlceras.

O diagnóstico da retocolite ulcerativa geralmente envolve uma combinação de exames, incluindo:

A retocolite ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória intestinal crônica que afeta o cólon e o reto. O tratamento visa reduzir a inflamação, aliviar os sintomas e manter a remissão. Entre os medicamentos utilizados, os imunossupressores e imunobiológicos desempenham um papel crucial. Abaixo, enumero alguns dos principais imunossupressores e imunobiológicos utilizados no tratamento da retocolite ulcerativa, com um breve resumo de cada um deles.

Imunosupressores

Azatioprina
A azatioprina é um imunossupressor que reduz a atividade do sistema imunológico, ajudando a diminuir a inflamação intestinal. É frequentemente usada para manter a remissão da retocolite ulcerativa e pode levar várias semanas a meses para mostrar efeitos completos.

6-Mercaptopurina (6-MP)
Semelhante à azatioprina, a 6-mercaptopurina é um imunossupressor que interfere na síntese de DNA e RNA, reduzindo a proliferação de células imunológicas. É usada para manter a remissão e pode ser uma alternativa para pacientes que não toleram a azatioprina.

Ciclosporina
A ciclosporina é um imunossupressor potente que inibe a atividade das células T, reduzindo a inflamação. É geralmente usada em casos graves de retocolite ulcerativa que não respondem a outros tratamentos e é administrada por via intravenosa ou oral.

Imunobiológicos

Infliximabe
O infliximabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), uma proteína envolvida na inflamação. É usado para tratar a retocolite ulcerativa moderada a grave e pode induzir e manter a remissão.

Golimumabe
O golimumabe é um anticorpo monoclonal anti-TNF-α administrado por injeção subcutânea. É usado para tratar a retocolite ulcerativa moderada a grave e pode ajudar a induzir e manter a remissão.

Vedolizumabe
O vedolizumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia a integrina α4β7, uma proteína que facilita a migração de células inflamatórias para o intestino. É usado para tratar a retocolite ulcerativa moderada a grave e é administrado por infusão intravenosa.

Ustekinumabe
O ustekinumabe é um anticorpo monoclonal que bloqueia as interleucinas IL-12 e IL-23, proteínas envolvidas na resposta inflamatória. É usado para tratar a retocolite ulcerativa moderada a grave em pacientes que não respondem a outros tratamentos.

Inibidores de JAK (Janus Quinase)

Tofacitinibe
O tofacitinibe é um inibidor da Janus quinase (JAK) que interfere na via de sinalização de várias citocinas envolvidas na resposta inflamatória. É administrado por via oral e é usado para tratar a retocolite ulcerativa moderada a grave em pacientes que não respondem ou são intolerantes a outros tratamentos.

Upadacitinibe
O upadacitinibe é outro inibidor da JAK que bloqueia a sinalização de citocinas pró-inflamatórias. Também é administrado por via oral e é indicado para o tratamento da retocolite ulcerativa moderada a grave em pacientes que não respondem adequadamente a outros tratamentos.

Conclusão

Os imunossupressores e imunobiológicos são componentes essenciais no tratamento da retocolite ulcerativa, ajudando a controlar a inflamação e a manter a remissão. A escolha do medicamento depende de vários fatores, incluindo a gravidade da doença, a resposta anterior ao tratamento e as preferências do paciente. É importante trabalhar em estreita colaboração com uma equipe médica para determinar o melhor plano de tratamento.

Vivendo com Retocolite Ulcerativa

Viver com retocolite ulcerativa pode ser desafiador, mas a maioria das pessoas consegue gerenciar seus sintomas e levar vidas ativas e satisfatórias. É importante ter uma boa comunicação com sua equipe médica, seguir o plano de tratamento recomendado e buscar apoio quando necessário.

O acompanhamento regular e a atenção aos sinais do corpo são cruciais para controlar a doença e manter a qualidade de vida. Com o tratamento e suporte adequados, é possível gerenciar os sintomas da doença, suas complicações e reduzir a frequência dos surtos.

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